O gozo, enquanto tal, não se deixa apreender totalmente, ele está sempre extravasando, transbordando, escapando. O gozo vaza como o tonel das Danaides, que, contendo um furo - os furos e buracos do corpo cortado pela linguagem - as obriga a enchê-lo sempre sem jamais o completarem. Assim, não há limites para o gozo, ele não se deixa reduzir ao sexo, mas pode ser encontrado no ato de se coçar. O que não quer dizer que seu campo, o campo do gozo, não seja estruturado.
Um acontecimento importante na vida de alguém pode ter hoje para ele um significado diferente do que tinha ontem: #talkingcure #Analise-me
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#gozo #psicanálise #clinica
O gozo, enquanto tal, não se deixa apreender totalmente, ele está sempre extravasando, transbordando, escapando. O gozo vaza como o tonel das Danaides, que, contendo um furo - os furos e buracos do corpo cortado pela linguagem - as obriga a enchê-lo sempre sem jamais o completarem. Assim, não há limites para o gozo, ele não se deixa reduzir ao sexo, mas pode ser encontrado no ato de se coçar. O que não quer dizer que seu campo, o campo do gozo, não seja estruturado.
"À flor da pele"
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
Que dá dentro da gente e que não devia Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
E nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
Que me queima por dentro, será que será
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
(Chico Buarque de Holanda)
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